Ana Eugênia Loyolla Hollanders. Tecnologia do Blogger.

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012


A Arte de amar... 

"O capitalismo moderno necessita de homens que cooperem sem atrito e em amplo número; que queiram consumir cada vez mais; e cujos gostos sejam padronizados e possam ser facilmente influenciados e previstos. Necessita de homens que se sintam livres e independentes, não submissos a qualquer autoridade, ou princípio, ou consciência — e contudo desejosos de ser mandados, de fazer o que se espera deles, de adequar-se em fricção à máquina social; que possam ser guiados sem força, dirigidos sem líderes, impulsionados sem alvos — exceto o de produzir bem, estar em movimento, funcionar, ir adiante. Qual é o resultado? 

Partidas...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012





O Amor muitas vezes parte
não porque deixamos de saber o que fazer com ele
mas porque não sabemos mais o que fazer conosco mesmo.

Às vezes Pássaro às vezes Arvores.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012



Há momentos na vida em que somos pássaros.

Queremos voar, mas nossas asas são curtas e não nos permitem chegar além do horizonte.
O que podemos está sempre além do que desejamos.

Há momentos na vida em que temos longas asas. Podemos alçar extensos vôos, mas nossos limites são determinados pelo peso das bagagens que a vida nos dá.
São malas que atendem por diversos nomes: Bom senso, juízo, medo.
Há os que se livram de seu peso e conseguem voar muito alto.
Alguns atingem destinos fantásticos; muitos conhecem o sabor do desastre.

Mas há momentos na vida em que deixamos de voar. É quando nos tornamos árvores,

João, simplesmente João

domingo, 8 de julho de 2012

Ana Eugênia Loyolla Hollanders de Moura

Isso mesmo, João... simplesmente João.
 Acidente chegando, vindo da Br 262, próximo a Ibiá-MG.
Trabalhava em um Pronto Socorro básico, e nos chega um acidentado, muito ferido, mas ferimentos aparentemente sem gravidade, sem acompanhantes, sem identidade, sem qualquer documento.
É atendido e em sua ficha de primeiros socorros identificado como "desconhecido", mas isso não importava para o seguimento do cuidado da equipe do plantão.
Iniciamos nosso trabalho: feitas limpezas, suturas, medicação, sondagens... tudo o que se fez necessário. Avaliação da consciência: paciente em coma. Parâmetros vitais dentro da normalidade. Somente não acordava, não mexia, nada além de respirar, respirar, respirar.

JOÃO ROCEIRO

sábado, 7 de julho de 2012

   Avenor  A. Montandon

João era um roceiro que carregava todos os dias a filha de sete anos, muito franzina, na distância que separava sua casa da escola, antes que assumisse as duras funções da capina que tocava “a meia” com o dono das terras. A botina mateira comia o cascalho com disposição e os braços fortes e rijas pernas pouco ressentiam nos 20 minutos de caminhada com a pimpolha nos ombros. A farinha de milho com café forte e uns biscoitos de Marieta, a mulher, eram sobremaneira salutares e ofereciam a energia para as tarefas do dia.

Súbito uma dor, um cansaço no peito, uma parada para se recompor. a interrogação preocupada: o que estaria acontecendo?

CONSIDERADO MORTO, HOJE VIVE E É FELIZ

sábado, 30 de junho de 2012


                                                                          Avenor A. Montandon

Quando iniciamos o primeiro contato com os doentes graves que acabavam de chegar ao hospital, notamos um deles com grandes fraturas na face, mas que no entanto, não apresentava quadro clínico que merecesse uma interferência imediata ou uma atenção especial por parte dos médicos que atendiam. Seus companheiros à morte, careciam de nossa rápida dedicação.
Saíamos de uma cirurgia, quando deparamos com o dantesco quadro. Aquele doente enfrentava a morte frente a frente. Havia aspirado sangue, sentia-se asfixiado e, em pouco tempo, seu coração não mais batia. Deixava de haver movimentos respiratórios.
Não fosse a violenta intervenção aplicada: a abertura da traquéia com simples tesoura, massagem cardíaca e afinal, reanimação cardio-respiratória, não teríamos hoje a oportunidade de conversar alegremente com o senhor João Ribeiro.

Amor ...

terça-feira, 12 de junho de 2012


Amor



Sentimento estranho esse,

Respeito ao profissional

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Enfª Ana Eugênia L. Hollanders Moura

Certa época trabalhei em cidade pequena e viajava três vezes por semana para coordenar o serviço de enfermagem desta cidade.
Não só coordenava, mas atendia em curativos, urgências, partos, pequenas cirurgias, puncionava  veias, passava sondas, enfim, cuidados de enfermagem.
Certo dia, ao descer do onibus,  já me aguardavam na estrada. Logo pensei:  urgência no hospital...
O condutor do carro não sabia informar nada de urgência ( cidade pequena, quando acontece alguma coisa grave, todos sabem), fiquei mais tranquila, embora urgência seja algo que me agrade.
Ao entrar no hospital, logo fui encaminhada a sala de cuidados, pois o médico  de plantão me aguardava com um paciente para procedimento.
Ao aproximar-me da referida sala, ouvi gemidos e choros de homem. Entrei, e encontrei o plantonista sentado e um senhor deitado na maca, coberto por lençol, chorando de dor.  Médico logo esclareceu:
- Este paciente chegou a cerca de três horas com dor abdominal intensa, referindo não estar urinando há dois dias e apresenta realmente, grande distensão vesical (bexigoma), fizemos varias tentativas de sondagem, sem sucesso. Como você estava para chegar, estamos esperando para ver se consegue.

Estágios... sempre surpresas ...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

  Ana Eugênia Loyolla Hollanders Moura
 
Certo dia, absurdamente tranquilo, estavamos sentados na recepção do Pronto Socorro conversando e aproveitando para observar as pessoas que se encontravam aguardando chamado para consulta médica. Sempre, nestes momentos, tentamos imaginar o motivo de cada pessoa ali, pois alguns estão batendo altos papos, outros namorando, outros cantarolando ou só observando-nos com cara de desaprovação, poucos com face de dor ou de mal estar.
Nesta tarde, estavamos com equipe completa e acrescentada com estagiárias de enfermagem e instrutora, que no momento, por não haver qualquer paciente grave, estavam na sala de medicação, atendendo a demandas das consultas de rotina .
Quando ocorrem estágios de enfermagem, a supervisão destes é sempre feita por profissional enfermeiro(a) designado pela instituição de ensino a que pertencem, mas cabe a enfermeira do setor (instituição cedente) a responsabilidade pelos atos da equipe de enfermagem e estagiarios e, quando acontecem problemas ou na suspeita destes, somos acionadas pelos demais profissionais para saná-los.
Assim sendo, fui solicitada por um de meus funcionários com a seguinte frase:
- "Vai lá ver o que está acontecendo, você nem vai acreditar..."
Mais por curiosidade que por urgência do pedido, fui à sala da medicação.
Chegando lá, encontro a instrutora dos alunos, com uma agulha calibrosa em um frasco de medicação, muito brava, reclamando para seus alunos que não conseguia aspirar o conteudo deste.
Fiquei a observar alguns instantes, sem acreditar no que via e junto comigo, várias funcionárias do setor. Olhavamos umas para as outras sem saber se riamos, se choravamos....

 A instrutora tentava, compulsivamente, aspirar o pó contido no frasco, e optei por aproximar-me desta e  perguntei, baixo e calmamente:

Engasgo

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012


Engasgo
Enfª Ana Eugênia Loyolla Hollanders


Uma tarde das mais tranquilas, em instituição de cuidados a idosos, durante horário de lanche, estavam servindo pãozinho e após bananas, que eram de preferencia da maioria deles.
Entre conversas e brigas dos internos, por mais uma dessa iguaria, fomos chamados ás pressas, pois uma das moradoras estava engasgada.
Corremos, pois a maior parte de nossos internos apresentava problemas psiquiátricos, além da idade avançada, e engasgo tornava-se constantemente urgência.
Encontramos uma das senhoras, discretamente roxa (cianótica), com respiração ruidosa, já confusa (pela carência de oxigenação).
Solicitamos que esta (apesar da pouca compreensão), nos ajudasse com a manobra (Manobra de Heimlich) para desengasgar, quando vem um dos outros profissionais de saúde, gritando :
- “Levanta o braço, levanta o braço...”
Continuamos tentando fazer a manobra, mas a paciente estava muito roxa, e já começando a perder os sentidos, e a outra profissional gritando e tentando puxar o braço da paciente.
Solicitamos uma ambulância, ao então serviço de urgência da cidade, deitamos a paciente e tentamos fazer o possível para melhorar sua respiração, mas a colega da equipe  insistia em solicitar que levantássemos o braço, pois o que desceu errado, voltaria para trás...
Chega a Dra responsável pela instituição e com a paciente já deitada, realiza a entubação traqueal...
Iniciamos a ventilação até a chegada da ambulância e esta foi conduzida ao Pronto Socorro, e depois sendo necessária a internação, onde permaneceu algum tempo.
Quando retornamos a instituição, após deixar a paciente no hospital, nossa colega, de forma agressiva, vem tirar satisfações, alegando que se tivéssemos levantado o braço da paciente, nada disso teria acontecido, pois São Brás teria ajudado, e não é que, de tanto nervosismo e agitação, esta engasga-se também...
Tentamos ajuda-la, conforme ela mesma solicitava muito agitada, levantando-lhe os braços, mas de nada adiantava... Continuava a piorar ...
Após alguns instante, com esta colega já ficando cianótica, um de nossos colegas da enfermagem, homem forte e grande, pega a funcionária engasgada por trás e faz  a manobra (Heimlich), e qual não é nossa surpresa ao ver a saída de uma bala de goma ( tipo jujuba) a ser expelida com a compressão.

Depois de recuperada, ela procura-nos e, ainda agitada, agradece:
-“Pois é colegas, obrigada pela ajuda, acho que minha fé não anda lá essas coisas...”
Acontece...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

  Opções

 

Saber quais as opções seguir no decorrer de uma existência, é um constante exercício de percepção e instinto que são graduados e colocados à prova na medida em que o tempo vai passando.
As experiências que vivenciamos nos trouxeram até aqui,  e são frutos das opções que escolhemos e das que, por algum motivo, deixamos de escolher.
Você já parou para pensar nas possibilidades que existem para mudar tudo o que está a sua volta?

Confiança

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Confiança
Enfª Ana Eugênia Loyolla Hollanders


(As crianças sempre nos surpreendem com sua confiança nos pais e nos adultos).

Chegou-nos certa manhã, uma menina, de aproximadamente seis anos, vitima de acidente em escola:
- “A porta foi fechada por um de seus amiguinhos e pegou seu dedo”, contou a professora que a acompanhava.
Descobrimos a mão que estava enrolada em panos limpos, esperando encontrar um corte, mas o que encontramos não foi muito agradável: amputação de falanges (ponta de dedo) do dedo médio e anular.
A criança olhava tudo que fazíamos, e não houve como esconder os toquinhos de dedo que restaram. Mas a corajosa menina não chorava enquanto limpávamos, só observava.
Chega a mãe, que havia sido chamada pela própria professora, e esta, ao ver o que havia acontecido, desmaia.  Chamamos um colega para atender a mãe até que esta estivesse consciente novamente.
Criança avaliada pelo plantonista, chamado ortopedista para decidir o que fazer.
Ao chegar e avaliar a lesão, o ortopedista conversa com a mãe já acordada e chorando, explica a situação dos dedinhos da criança e tratamento a ser adotado e solicita que a criança seja encaminhada ao bloco cirúrgico para fazer um “coto”, pois não havia como reimplantar o pedaço cortado (que a professora havia guardado em um saquinho plástico).
A mãe acompanha a saída da maca com a criança já de camisola, que conversa conosco. E esta, vendo a mãe chorando, fala tranquilamente:
- “Mãezinha, não chora não, a professora disse que meu dedinho vai crescer novamente”, e estica, sorrindo, a mãozinha enfaixada para a mãe.

'Ser invisível'

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Hoje iria postar nova crônica, quando recebi no Facebook este depoimento, e achei-o muito importante:

 'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. ( Plínio Delphino, Diário de São Paulo).

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres
invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão
social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra
classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e
serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e
claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada,
parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:
'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.

Trauma Raquimedular

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Trauma de Medula  ??
Enfª  Ana Eugênia Loyolla Hollanders

Onze horas da manhã, sábado, corpo de bombeiros na entrada do pronto socorro, maca sendo encaminhada para a sala de emergência.
Vou atendê-los, já recebendo relatório do caso:
- Trata-se de homem, aproximadamente 38 anos, encontrado caído em via pública, sem comunicar-se ou mover-se desde o momento do chamado. Respiração espontânea, pulsos mantidos, boa oxigenação. Segundo transeuntes, é conhecido nos arredores de onde foi encontrado, onde  várias vezes necessita auxilio por apresentar-se embriagado. Há suspeita de lesão medular, pois apresenta priapismo (ereção continua) desde avaliação inicial. Não percebemos qualquer outro problema...
Direcionamos nossos olhares para a região de entre pernas e realmente havia “grande volume” e o local encontrava-se  ainda úmido por presença de diurese (urina) na roupa.

A Idade e o Meio Ambiente

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

 A IDADE…E O MEIO AMBIENTE
Rui Bittencourt

Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.


A fé sem obras, é morta !

A fé sem obras, é morta !!
Enfª Ana Eugênia Loyolla Hollanders

Nos  plantões vivenciamos certos episódios que muitas vezes nem cremos que ocorrem, ou melhor, se pudéssemos intervir, não deixaríamos que acontecessem.
Um senhor, novo, estava aguardando seu atendimento médico, sentado, calado, cabisbaixo na recepção do pronto socorro. Ouvindo seu nome, dirigiu-se ao consultório  médico.
Após aproximadamente 45 minutos, saiu da sala de consulta nervoso, procurando-me para reclamar do atendimento que recebera, pois estava com dor de cabeça intensa e a doutora que o atendeu não passou remédio algum, somente encaminhou para terapia de imposição de mãos.
- Sabe enfermeira, não acredito muito nisso, e gostaria de ser reavaliado por outro plantonista, minha dor esta muito forte, já tomei o que podia de remédio em casa, preciso realmente de atendimento médico que resolva.
Apesar de não ser rotina, apiedei-me deste senhor que apresentava fácies de dor, evitando luz, falando baixo apesar de exaltado. Falei a ele:
- Vou ver o que posso fazer para atender seu pedido, embora tema que a médica que o atendeu perceba que o reencaminhamos. Aguarde em minha sala.
Sai, esperei que a doutora chamasse outro paciente para seu consultório, e levei o senhor à sala de espera do local onde o outro plantonista atendia. Deixei-o lá e fui atender a chamado nas enfermarias de observação.
Após alguns minutos, vejo grande movimentação na área reservada ao consultório dois, onde estava o paciente. Cadeiras da sala de espera sendo jogadas por ele, chutes nas portas, outros pacientes que estavam aguardando correndo... Fui rápido avaliar a situação e tentar contorná-la...
- Senhor, o que está acontecendo aqui... ?   Qual o motivo de sua agressividade... ?

Ele encarou-me com expressão extremamente alterada, fechada e brava e falou...
- Venho aqui para atendimento médico, pois não estou bem.  Se quisesse oração teria ido a igreja .... É o fim do mundo o descaso com a população.  Veja se é possível isto num pronto socorro : um médico me benze e outro me manda benzer...

Tudo passa

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Tudo passa
(Desconheço o autor do texto)

Certo dia um sacerdote percebeu a seguinte frase em um pergaminho pendurado aos pés da cama de seu mestre:

"Isso também passa."

Com a curiosidade de cada ser humano resolveu perguntar:
- Mestre, o que significa essa frase?

E o mestre sem titubear lhe responde:
A vida nos prega muitas peças, que podem ser boas ou não, mas tudo significa aprendizado.

Recebi esta mensagem de um anjo protetor num desses momentos de dor onde quase perdi a fé.

Ela é para que todos os dias antes de me levantar e de me deitar possa ler e refletir, para que quando tiver um problema, antes de me lamentar eu possa me lembrar que "isso também passa", e para quando estiver exaltado de alegria, que tenha moderação e possa encontrar o equilíbrio, pois "isso também passa".

Coma

domingo, 15 de janeiro de 2012

Coma
Enfª Ana Eugênia Loyolla Hollanders


Daniel, 15 anos. Chega a nossa UTI em plena terça-feira de Carnaval (1993 ou 1994, não lembro bem).
Conta que no sábado anterior estava a cheirar um “loló” com seus amigos e sem mais nem menos, passou a não sentir mais os pés. Os dois pés. Não conseguiu andar, caiu.
Foi levado então por seus companheiros de aventuras ao Pronto Socorro, onde foram feitos alguns exames, mas nada foi detectado. Depois de algumas horas tomando soro, mantendo a mesma sensação de não sentir os pés, foi reavaliado e com orientação para observar se os sintomas continuariam, foi liberado. Em cadeira de rodas, voltou para sua casa.
Domingo de Carnaval, em casa, não movia os pés e nem sentia a parte inferior da perna... Como contar a sua mãe ou seu pai sobre o “loló”? Chamou os amigos, que o ajudaram a sair da cama e foram para a rua, nada de sentir as pernas... Nem volta para casa, dorme na casa de um dos colegas, mal fecha os olhos de medo, não sabe o que está acontecendo.
E assim continuou, piorando, a insensibilidade subindo...

Essa é de matar ...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Essa é de matar...
Enfª Ana Eugenia Loyolla Hollanders


Começo meu plantão no inicio da manhã, sete horas, sempre com muito sono. Durmo pouco durante a noite. Logo temos a primeira correria, paciente não respirando satisfatoriamente, pego no tranco e tenho que trabalhar de verdade.
Punção venosa, soro, exames, sedação para entubação, preparar respirador, material para entubar pronto, aspirador na mão, tubo na mão do médico, procedimentos realizados, administradas medicações, respirador funcionando bem, paciente controlado.
Parece fácil, mas até que a estabilidade fosse alcançada levamos quase duas horas.
Saí da sala de urgência para procurar vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tentar transferi-lo, (lá se foram mais 2 horas – cadastro, telefone, mais telefone, alterar cadastro, colocar exames...) Opssss, corra, outra urgência: criança queimada.
Mais uma hora até atender, preparar e encaminhá-la ao bloco cirúrgico.
Volta ao pronto socorro e já corro com a maca até a recepção, pois os bombeiros estão com acidentado na viatura e a outra maca está com paciente aparentemente desmaiada, sendo avaliada pelo médico em uma das salas de observação.
Nada grave: paciente apresentando fraturas. Feita avaliação clinica, sem outras alterações, tranqüilo. Tenho agora que localizar o ortopedista e acalmar a família que não entende o plantão á distância.
Aproveito e vejo como está o paciente da sala de urgência para adicionar mais informações (evolução) no sistema para tentar novamente vaga para fora, pois no município não há leitos disponíveis. Novos exames solicitados... Colho os exames... São duas horas da tarde, vou tentar almoçar.
Entrando novamente no plantão após meia hora de pausa, ajudo a levar a maca com paciente supostamente “desmaiada” após avaliação e reavaliação médica para a enfermaria, pois esta não quer acordar embora tenha todos os reflexos mantidos e nenhuma outra alteração detectada. Instalo um soro para manter veia (bem lento!) e saio do quarto.
Atendo alguns pacientes e acompanhantes no corredor, preencho alguns papéis, controlo os débitos nas fichas de medicação, organizo a reposição de medicamentos e  materiais,  e sigo a conferir o sistema (SUSFacil) varias vezes para ver a chance de vaga na UTI. Telefone toca...

Baleado

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012


Baleado ?
Enfª Ana Eugênia Loyolla Hollanders

Acudam, ajudem, corram... meu colega deu um tiro no pescoço...
Estes gritos se fizeram ouvir em plena recepção do pronto socorro feitos por vozes jovens que adentravam nosso setor de trabalho,  sugerindo que estavam atormentados pela angustia... desespero ...preocupação. Portas se abriam, maca era levada para a porta de entrada...
Corremos a preparar a sala destinada a receber o paciente, enquanto passavam pelas nossas mentes os mais variados quadros de urgência que iríamos atender: soros, compressas para deter sangramentos, material para respiração artificial (ventilação mecânica), e rapidamente estava tudo pronto, equipe com luvas nas mãos. Mas, o paciente não chega...
Mais pensamentos nos inquietam e alguns nem tão otimistas:
- Será que não deu tempo...

Não desmereçam as fábulas, mas...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

(Aplicação da Fábula “Pedro e o Lobo” na Saúde)

Enfª Ana Eugênia Loyolla Hollanders

  Ouvimos o som de sirene e ambulância parando na rampa de atendimento do Pronto Socorro, e a seguir,  acionado código de urgência para equipe do Pronto Socorro,  era nosso plantão...
Maca na porta, funcionários para auxiliar retirar paciente, mobilizamos vários componentes da equipe para o atendimento: médico, enfermeiro,  técnicos em enfermagem, recepcionista, auxiliar de maca... um paciente que, ao ser retirado da ambulância, estava em franca  crise convulsiva.
Leva-se rapidamente a paciente, mulher jovem, para a sala de urgência, feita transferência para a maca fixa, mantemos sua cabeça voltada para o lado e a protegemos para evitar lesões, preparamos material para puncionar veia, instalar soro para manter acesso venoso e possibilitar administração de medicação,  oxigenação, aspiração...
Sendo feita avaliação médica, paciente aparentemente em crise convulsiva prolongada... inconsciente, contorcendo-se, debatendo-se, boca travada e cheia de saliva , discreta cor azulada ( cianose) em lábios.
Ao comando médico de medicação venosa para cessar a crise, garrote no braço, iniciamos a punção venosa (pegar veia) para administrar a medicação e ... imediatamente, a crise naquele braço cessa...

PALAVRAS FINAIS

Que bons ventos te tragam sempre...
e que bons ventos te levem...

mais leve, feliz,

tranquilo e

em paz!

Grande abraço!

Ana Eugênia


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