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Essa é de matar ...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Essa é de matar...
Enfª Ana Eugenia Loyolla Hollanders


Começo meu plantão no inicio da manhã, sete horas, sempre com muito sono. Durmo pouco durante a noite. Logo temos a primeira correria, paciente não respirando satisfatoriamente, pego no tranco e tenho que trabalhar de verdade.
Punção venosa, soro, exames, sedação para entubação, preparar respirador, material para entubar pronto, aspirador na mão, tubo na mão do médico, procedimentos realizados, administradas medicações, respirador funcionando bem, paciente controlado.
Parece fácil, mas até que a estabilidade fosse alcançada levamos quase duas horas.
Saí da sala de urgência para procurar vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tentar transferi-lo, (lá se foram mais 2 horas – cadastro, telefone, mais telefone, alterar cadastro, colocar exames...) Opssss, corra, outra urgência: criança queimada.
Mais uma hora até atender, preparar e encaminhá-la ao bloco cirúrgico.
Volta ao pronto socorro e já corro com a maca até a recepção, pois os bombeiros estão com acidentado na viatura e a outra maca está com paciente aparentemente desmaiada, sendo avaliada pelo médico em uma das salas de observação.
Nada grave: paciente apresentando fraturas. Feita avaliação clinica, sem outras alterações, tranqüilo. Tenho agora que localizar o ortopedista e acalmar a família que não entende o plantão á distância.
Aproveito e vejo como está o paciente da sala de urgência para adicionar mais informações (evolução) no sistema para tentar novamente vaga para fora, pois no município não há leitos disponíveis. Novos exames solicitados... Colho os exames... São duas horas da tarde, vou tentar almoçar.
Entrando novamente no plantão após meia hora de pausa, ajudo a levar a maca com paciente supostamente “desmaiada” após avaliação e reavaliação médica para a enfermaria, pois esta não quer acordar embora tenha todos os reflexos mantidos e nenhuma outra alteração detectada. Instalo um soro para manter veia (bem lento!) e saio do quarto.
Atendo alguns pacientes e acompanhantes no corredor, preencho alguns papéis, controlo os débitos nas fichas de medicação, organizo a reposição de medicamentos e  materiais,  e sigo a conferir o sistema (SUSFacil) varias vezes para ver a chance de vaga na UTI. Telefone toca...

... Surgiu uma vaga na cidade. Chamo motorista de plantão para buscar a ambulância e equipamentos de transporte e passo a sala de urgência para preparar o paciente.
Seis horas da tarde, tudo pronto, paciente na ambulância e vou transferi-lo para outro hospital, transferência tranqüila. Retorno para passar o plantão com pouco atraso para minha colega, são 19h30min h.
Corremos os leitos (18) passando os casos (motivo da observação no leito, medicações feitas, intercorrências, orientações médicas) de cada paciente. Chego à senhora “desmaiada”, e assim que relato o que ocorreu no atendimento e avaliação médica desta paciente, a filha que a acompanha pergunta se é grave o estado de sua mãe.
Explico que aparentemente não há nada grave, mas que depois que esta acordar, bastaria pegar a carta de encaminhamento ao serviço de saúde mental para acompanhamento com psicólogo, deixada pelo médico plantonista e estariam liberadas.
Ao terminar estas palavras, a paciente “desmaiada” acorda, e dá um pulo tentando pegar meu braço, sem sucesso, e começa a levantar da cama xingando e dizendo que vai me bater, pois quem sou eu para dizer que ela é “louca”. Neste momento, o outro filho acaba de entrar e não entendendo nada, fica agressivo comigo e com minha colega... Saímos da enfermaria.
A filha sem saber o que fazer tenta segurar a mãe. Já estou longe no corredor quando vejo esta paciente correndo em minha direção dizendo que vai me matar. Tenho que esconder-me em sala próxima para não ser agredida.
O colega médico coloca-se em sua frente, vários funcionários auxiliam a contê-la pois está totalmente descontrolada, gritando, batendo, jogando o que encontra na sua frente ao chão. Fico nesta sala ouvindo o movimento do corredor.
Quando acalma, após algumas medicações, ainda no corredor, ouço o médico falando que esta pode ser levada para casa, pois irá dormir mais um pouco, são quase 21 h agora...
A paciente ainda tenta argumentar : Doutor, não posso pelo menos bater um pouco naquela enfermeira loira antes de ir embora ...
Essa é de matar...

2 comentários:

aline 14 de janeiro de 2012 às 14:19  

kkkkkkkkk tadinha d vc ana

Anônimo,  15 de janeiro de 2012 às 09:53  

Isso que é Viver perigosamente! É melhor dos que os filmes de ação! Devia viver filme suas crônicas. Cris Holms

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Que bons ventos te tragam sempre...
e que bons ventos te levem...

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tranquilo e

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Grande abraço!

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