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Respeito ao profissional

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Enfª Ana Eugênia L. Hollanders Moura

Certa época trabalhei em cidade pequena e viajava três vezes por semana para coordenar o serviço de enfermagem desta cidade.
Não só coordenava, mas atendia em curativos, urgências, partos, pequenas cirurgias, puncionava  veias, passava sondas, enfim, cuidados de enfermagem.
Certo dia, ao descer do onibus,  já me aguardavam na estrada. Logo pensei:  urgência no hospital...
O condutor do carro não sabia informar nada de urgência ( cidade pequena, quando acontece alguma coisa grave, todos sabem), fiquei mais tranquila, embora urgência seja algo que me agrade.
Ao entrar no hospital, logo fui encaminhada a sala de cuidados, pois o médico  de plantão me aguardava com um paciente para procedimento.
Ao aproximar-me da referida sala, ouvi gemidos e choros de homem. Entrei, e encontrei o plantonista sentado e um senhor deitado na maca, coberto por lençol, chorando de dor.  Médico logo esclareceu:
- Este paciente chegou a cerca de três horas com dor abdominal intensa, referindo não estar urinando há dois dias e apresenta realmente, grande distensão vesical (bexigoma), fizemos varias tentativas de sondagem, sem sucesso. Como você estava para chegar, estamos esperando para ver se consegue.
Comecei a preparar-me para o procedimento, pois este é um dos que tenho grande facilidade. Conversei com o paciente, pedi um pouco de calma e paciência, mas que logo estaria melhor, caso houvesse sucesso. O paciente, em meio a grandes dores, estava colaborativo.
Iniciei a técnica, e após alguns momentos, a urina retida começou a sair. Sucesso no procedimento, logo o paciente não teria mais dor. Drenou aproximadamente 2 litros de diurese (urina), o que justificava o mal estar e a dor por ele sentida.
Reavaliado depois de algum tempo pelo doutor, foi liberado. Agradeceu e foi embora.
Dia tranqüilo, sem outras intercorrencias e como o costume, pego meus pertences e vou embora em direção a rodoviária para pegar o ônibus de retorno a minha cidade. Ao atravessar a praça desta, vejo um grupo de homens  a frente, virando-se para mim e rindo após algum comentário do grupo.
Aproximando-me deste grupo, pois não havia outro caminho a seguir naquele momento, ouço um comentário :
- Quer pegar no meu também doutora ? E riso geral no grupinho. Levanto minha cabeça e sigo em frente, pois meu ônibus acabava de estacionar.
Dois dias depois, novamente na cidade, após meu turno, dirijo-me a rodoviária e qual não é minha surpresa ao deparar-me com o grupo de homens novamente, encarando-me e rindo desrespeitosamente, acompanhados pelo paciente que eu havia atendido no plantão anterior.
Outro diia e mais uma vez a cena na praça da rodoviária se repete, com o grupinho a minha espera, rindo e encarando-me.
 Continuo andando, quando o referido paciente segura meu braço e ironicamente fala :
 - Doutora, não gostaria de pegar em mim novamente (e olha em direção a seus genitais), sua mão é uma delicia. Riso geral no grupo. Este solta meu braço quando tento sair do seu alcance.
Encaro-o seriamente e com a voz lerda e também irônica respondo :
 - Para que, na situação o senhor estava tão ruim,  precisando mesmo de meus cuidados para melhorar sua dor. Da proxima vez, vou pensar melhor se tento ajudá-lo. E aproveitando o momento, quero lembrá-lo que...  custei achar... Reinicio a caminhada, mas não sem antes fazer o gesto tão conhecido:


Dou um sorriso lerdo e deixo-o com seus amigos.
Não fui mais motivo de chacota por aquele grupo que as vezes estava em meu percurso para casa. Eu passava e ele abaixavam a cabeça.
OBS: Tive noticias de que ele voltou a apresentar o mesmo problema  num  final de semana e que ninguém conseguiu passar a sonda necessária. Foi transferido ( 2 horas em ambulancia)  com fortes dores .

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PALAVRAS FINAIS

Que bons ventos te tragam sempre...
e que bons ventos te levem...

mais leve, feliz,

tranquilo e

em paz!

Grande abraço!

Ana Eugênia


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