Ana Eugênia Loyolla Hollanders. Tecnologia do Blogger.

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Insônia

sábado, 26 de novembro de 2011

   Insônia
Ana Eugênia Loyolla Hollanders
Enfermeira


Estávamos de plantão, no Pronto Atendimento, numa bela e quente noite de sexta-feira.
Noite maravilhosa. Céu sem nuvens, lua como grande luminária a enfeitar o espaço pontilhado de estrelas.
Pensávamos que seria tranquila.
Ledo engano...  Acidentes e mais acidentes começaram a movimentar nossa jornada. Acidentes graves, com vários feridos, onde toda equipe se desdobrava na tarefa de atender a todos com rapidez e eficiência, com sincronismo, para garantir o sucesso de nossa luta pelo bem maior: o milagre da vida.
Soros, suturas, curativos, punções, massagem cardíaca e mais massagem cardíaca, corre aqui e  ali  a cada momento. 
Nossa noite foi passando rapidamente, sem um momento sequer para descanso.
Por volta das quatro horas da manhã, ainda lutando em uma reanimação cardíaca de um jovem traumatizado, eis que a porta da sala de urgência é aberta por uma senhora que solicita atendimento urgente.

Ser Feliz... e ritual

quinta-feira, 24 de novembro de 2011


 "Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz!
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.
Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade!

O MÉDICO E A SOCIEDADE

quarta-feira, 23 de novembro de 2011


                                         Avenor Augusto Montandon

 

Fui chamado para avaliar um caso grave na Santa Casa. Tratava-se de uma urgência que indicava necessidade de cirurgia, na linguagem médica – abdome agudo cirúrgico. Eram 30 minutos passados de meia noite do dia 2 de junho. Fazia frio e já estava dormindo desde 23:30. Movido pelo dever, mas sem deixar de protestar pela falta de sorte daquela urgência àquela hora, me desloquei para o hospital na madrugada fria e silenciosa.

Normalmente nós, os médicos, quando chamados para esses casos não podemos fazer nenhuma previsão de quando estaremos de volta à casa. Pelas informações passadas, pelo telefone pela enfermeira da noite, tinha já a expectativa de trabalhar quase toda a madrugada. A famosa “calada da noite” me confirmaria a minha expectativa. Só retornei para casa com os primeiros sinais da alvorada. Havia sido um árduo trabalho, uma grande cirurgia com grandes desafios.

Passa pela nossa cabeça, nessas jornadas, um emaranhado de questionamentos técnicos, profissionais e até ideológicos.

Enquanto procedemos aos passos da cirurgia somos obrigados a uma concentração extenuante. Não nos é concedido qualquer vacilo sob pena de por em risco a vida daquele paciente. Temos que estar absolutamente atentos e obstinados à solução daquele problema. Não raro somos obrigados a tomar apenas medidas paliativas por não haver nada que se possa fazer e isso traz a nós os médicos cirurgiões uma profunda sensação de impotência e frustração. Sairmos da sala de cirurgia como vencidos. Perdemos a luta!!

O Coronel

domingo, 20 de novembro de 2011

O CORONEL


                                                                 Avenor    A.  Montandon


 O Coronel João Bastião era um fazendeiro abastado, família grande e tradicional 
  na região. Era um sujeito enérgico cordial e muito caridoso.
  No auge dos seus 60 anos aparentava uma saúde de ferro, demonstrada no cotidiano
  pela disposição com que encarava a administração de seus bens: várias fazendas, 
  que percorria num jipe verde, vestindo um terno de linho cáqui. Seus filhos, já adultos,
  o ajudavam nas tarefas de supervisão e controle do enorme patrimônio, mas nenhum deles 
  tinha o vigor e energia do pai.
  Um belo dia o coronel ficou doente. Relutante, mas sob insistência da família, 
  procurou o médico, o Dr. César, competente e boa praça que gozava de muito prestígio 
  junto ao coronel.
  Vários exames. Depois,veio a constatação da necessidade de uma intervenção cirúrgica:
 - Coronel, o senhor vai ter que ser operado. - O Doutor foi categórico.
 - Que isso doutor! Nunca tive nada, agora é que apareceu esse negócio de mijar fininho...
 - Pois é coronel. Não tem remédio a não ser operação. Além do mais, a tendência é só
   piorar. É também perigoso adiar a operação. Pode complicar.
  O coronel coçou a cabeça, acendeu um cigarro de palha, encarou o doutor nos olhos:
   - Precisa mesmo?
  - Não tem jeito.
  - Tudo bem, to nas mãos do senhor, que abaixo de Deus, tem sido bom para toda família.
  A operação foi um sucesso mas era um tumor suspeito. Precavido o doutor encaminhou
  a peça para exame. Uns quinze dias depois a constatação infeliz: era câncer.
   Dr. César reuniu a família e abriu o jogo:
   - O tumor é maligno, dos piores, a tendência daqui pra frente é piorar.
   A família, constrangida, indagou se haveria algo mais a fazer
  - Nada. Vamos aguardar. Ele vai passar bem nos próximos meses. Dito e feito. 
 O velho não teve nada e voltou à rotina normal. Seis meses depois, no entanto, o doutor 
 foi chamado. O coronel estava indisposto, amarelo e vomitava muito.
  - Icterícia. pensou o doutor com seus botões. E daquelas que não tem jeito. Sem dúvida
 o câncer se espalhou e já tomou o fígado.
 Apesar dos remédios, o paciente piorava dia a dia. A família já pensava no inventário. 
 Um filho apossou-se de uma bota do coronel. Outro levou sua coleção de armas. 
 E, assim foram despojando o coronel dos seus pertences na expectativa de sua morte.
 Um dia de manhã o velho manifestou a vontade de comer um lombo de porco com farofa.
 A família chamou o doutor para opinar.
- Deixa ele comer. Afinal deve ser um de seus últimos desejos. E o coronel passou bem 
  para surpresa de todos. Noutro dia pediu uma feijoada. Queria assistir ao preparo da 
  refeição no  rabo do fogão. Foi atendido e ainda deu palpites no tempero.
 Dias e cardápios variados depois, o doutor saía do hospital, quando viu um homem de 
 terno cáqui e cigarro de palha na boca descendo de um jipe verde.
 Era o próprio.
 O Dr. César se aproximou perplexo:
- Uai, coronel. É o senhor?
- Em carne e osso, doutor. To novo!
- O que o senhor fez para melhorar assim tão depressa? - indagou.
- Deixei de tomar aquela remediada toda.

 E viveu mais 28 anos.......!!!


Termos Técnicos

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Acolia, são fezes brancas ou muito claras que se devem a uma ausência de estercobilina. A estercobilina é um derivado da bilirrubina direta
Amnésia, é a perda de memória, parcial ou completa.
Anasarca, é um sintoma caracterizado por um inchaço distribuído pela pele de todo corpo devido ao derrame de fluido no espaço extracelular.
Anúria, é a diminuição e a ausência da produção de urina inferior a 400 ml/dia em adultos
Colúria, é um termo para descrever uma urina escura, com cor parecida com Coca-Cola
Disartria, é um distúrbio neurológico caracterizado pela incapacidade de articular as palavras de maneira correta
Dislalia, é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras.
Dispnéia, é o termo usado para designar a sensação de dificuldade respiratória
Edema, efere-se a um acúmulo anormal de líquido no compartimento extra- celular intersticial ou nas cavidades corporais devido ao aumento da  pressão pressão hidrostática, diminuição da pressão coloidosmótica, aumento da permeabilidade vascular(inflamações) e diminuição da drenagem linfática
Emese, Ato de vomitar
Epistaxe, é definida como o sangramento proveniente da mucosa nasal
Hemoptise é uma quantidade variável de sangue que passa pela glote oriunda das vias aéreas e dos pulmões. A presença de sangue no escarro.
Hiperemese, quando as náuseas e vômitos são persistentes, frequentes ...
Hipertermia, é a temperatura corporal central acima de 40°C, relacionada à ineficiência dos mecanismos de dissipação do calor
Hipoacusia, consiste na diminuição da acuidade auditiva
Hipotermia, ocorre quando a temperatura corporal do organismo cai abaixo do normal (35°C)
Ictericia, é uma síndrome caracterizada pela coloração amarelada de pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo
Menarca, a primeira menstruação da mulher, é o limite entre a infância e a vida adulta, o momento em que a menina começa a exercer seu ciclo .
Metrorragia, perda sanguínea vaginal, de origem corporal, fora do período menstrual
Oliguria, que é definida por um débito urinário <100 mL/24h.
Orquipexia, fixação do testículo
Orquite, ou orqueíte trata-se da inflamação do testículo (congestão testicular)
Ortopnéia, é a dificuldade respiratória (dispnéia) que ocorre quando a pessoa está deitada, fazendo com que a pessoa tenha que dormir elevada na cama
Paralisia, abolição completa, no que respeita à mobilidade voluntária, da capacidade de efetuar um movimento parcial ou total
Paraplegia, caracterizam-se pela perda parcial ou total dos movimentos das pernas (no caso da paraplegia) e das pernas e braços (no caso da tetraplegia).
Parestesia, refere-se às sensações cutâneas como formigamento, pressão, frio ou queimação nas mãos, braços, ou pés, mas que também pode ocorrer em outras partes do corpo. A parestesia, que acontece sem aviso, geralmente não apresenta dor e é descrita como formigamento, coceira ou pressão na pele.
Sialorréia, é a perda não intencional de saliva pela cavidade oral.
Taquipnéia, é o aumento do número de incursões respiratórias na unidade de tempo
Tetraplegia, ou quadriplegia é quando uma paralisia afeta todas as quatro extremidades, superiores e inferiores, juntamente à musculatura do tronco
Verborreia, também conhecida como Diarréia Verbal, trata-se de uma das maiores epidemias da atualidade e consiste no ato de expelir palavras

Mãe Joana

domingo, 13 de novembro de 2011

MÃE JOANA

                                                                                      Avenor A. Montandon

 
Zé Precotela. Esse era o seu nome. Era um crioulo muito preto e forte. Tinha uma característica peculiar. Os pés eram enormes. Sapato, só sob encomenda, tanto que só andava descalço.

O Precotela foi criado desde pequeno pelos meus avós na fazenda, onde ajudava como vaqueiro e capinador de roça. Era servil e humilde, resquícios de seus antepassados de escravos e dedicava aos velhos um respeito submisso, quase canino.

Saiu para casar, com a devida licença dos velhos, o “padrim e a madrinha”. Sua primeira mulher morreu de parto do quarto ou quinto filho, já não me lembro, deixando os filhos bem pequenos, principal argumento para arranjar logo o seu segundo casamento com uma crioula aparentemente saudável, gorda e risonha que quando ria parecia ter quarenta dentes na boca. Seu nome era Joana, tinha uns trinta anos quando casou com o Precotela. Dois ou três anos depois já havia aumentado a família em mais dois crioulinhos. Joana andava cerca de duas léguas a cada dois dias, para lavar e passar roupa na fazenda da vovó. Caminhava ligeira por uma trilha nas encostas suaves dos morros que circundavam a fazenda.

Na escadeira levava invariavelmente um filho mais novo, que não podia deixar em casa, pois até a idade de dois ou três anos os amamentava só no peito.

Sagrada rotina anos a fio.

Fazia parte da paisagem ver a Joana com um crioulinho encaixado na cintura, com uma trouxinha na cabeça rumo à sua casa ao final do dia de trabalho. Com o tempo, no entanto, o passo de Joana já não era tão ligeiro. Estava mais gorda (ou inchada) e parava, vez em quando, para descansar.

Descia o neguinho, o assentava sobre o cupim, respirava sôfrega, para depois prosseguir.

Certo dia, bem cedo, o Precotela apareceu na fazenda. Adentrou à cozinha, onde a vovó preparava um tacho para fazer sabão, tirou o chapéu.

- Bença madrinha.

-Bençoe Zé. Que veio você fazer aqui essa hora. Não é seu costume!

-Fiquei preocupado com a Joana, madrinha. Imaginei que ela tivesse dormido aqui hoje à noite com a menina, pois ela não voltou para a casa ontem.

Cronicas Médicas

terça-feira, 8 de novembro de 2011



URGÊNCIA EM PAQUETÁ

                                                                   Avenor Augusto Montandon

          Quando eu era menino ouvia muito falar de Paquetá, uma ilha ”paradisíaca” na bahia de Guanabara. Tinha muita curiosidade em conhecê-la.
A oportunidade surgiu quando, já médico e morando no Rio de Janeiro, pude conhecer num daqueles fins de semana ensolarados do Rio. Meus sogros estavam nos visitando e manifestaram o desejo de visitar a ilha. Tínhamos 3 filhos pequenos. A menor, Nicole era ainda um bebezinho de alguns meses.
Findos os preparativos e animados pela expectativa de um passeio muito diferente fomos para a estação das barcas.
A viagem, numa barca de 2 andares, iniciava na praça XV e durava uns 40 minutos.
Ainda me lembro que tive uma grande decepção ao constatar a sujeira da água da bahia, contrastando com a espetacular paisagem que se descortinava nos relevos da cidade. Embora a barca não fosse muito confortável, a travessia da bahia foi muito agradável.
Sogro, sogra , mulher e filhos se deliciando com a novidade. Eu, já acostumado com aquele tipo de transporte, me preocupava com a segurança da turma em meio a uma pequena multidão de turistas e habitantes da ilha que retornavam da jornada de trabalho no continente.
No desembarque constatei que o lugar devia ter sido realmente maravilhoso. Agora já nem tanto pela poluição imposta por uma exploração inescrupulosa e desprovida de um espírito de preservação ambiental. Mesmo assim  Paquetá refletia o deslumbramento que despertara outrora.
Nos acampamos numa pequena praia não muito longe do centro, acomodados à sombra de frondosas árvores com rochedos e ilhotas á sua frente. Acomodamos e alimentamos as crianças, arrumamos o nosso ambiente e procuramos usufruir o programa, a despeito zoeira dos vizinhos, das moscas e do cheiro dos cocôs de cachorro.
Fascinava-me uma ilhota a uns 200 metros dali, com rochas e uns arvoredos, testemunha de áureos tempos de Paquetá, e, movido pelo interesse despertado, resolvi nadar até lá.
A travessia a nado não foi difícil. Talvez tenha feito o percurso nuns 15 minutos. A água era turva e mal dava para ver a um metro de profundidade. Já na ilhota pude apreciar um real isolamento e o silêncio só interrompido pelo canto das aves.
As rochas denunciavam a presença de visitantes que quiseram se perpetuar com suas assinaturas, marcas e desenhos nelas estampados.
Algum tempo depois, sentida a necessidade de retornar,

Cronicas médicas : Cirugia Orificial

terça-feira, 1 de novembro de 2011


CIRURGIA ORIFICIAL DE CORTESIA
Avenor Augusto Montandon
Cirurgião–Santa Casa de Araxá


O Dr. César e o Dr. Pessoa eram bons amigos e trabalhavam juntos no mesmo hospital na pequena e pouco pacata cidade do interior das Minas Gerais. A paz ali era uma situação ocasional, freqüentemente comprometida com as rixas existentes entre famílias tradicionais na região. Não raro havia tiroteios o que a fazia cognominar-se Confusão. O Hospital dirigido pelo Dr. Pessoa era bem equipado e organizado. Atendia não só a população local como de toda a região que para lá convergia pela boa fama de seus médicos treinados na cirurgia de trauma, fruto da tradicional hostilidade existente.
O Dr. César e o Dr. Pessoa auxiliavam-se mutuamente nas cirurgias. Somavam suas experiências e os resultados faziam prosperar suas famas. Ambos eram também fazendeiros prósperos, criavam gado leiteiro e engordavam bois de qualidade nos verdes e vastos campos que circundavam a cidade.
Um belo dia, compradores de gado do norte de São Paulo chegaram na cidade a convite do Dr. Pessoa para ver um gado seu, gordo e saudável, que pretendia negociar. Tinham pressa. Não podiam demorar, pois, tinham muitos outros compromissos agendados em outras localidades não muito perto dali, cujas distâncias teriam que ser vencidas em precárias estradas de terra.
Dr. Pessoa foi avisado das presenças quando se preparava para uma cirurgia previamente marcada, em paciente amiga da família, que já estava preparada e pronta com pré-anestésico. Tomado de ansiedade sentiu-se na obrigação de atender os visitantes sem trazer prejuízo à cirurgia por iniciar. Nisso chegou o Dr. César, simpático e boa praça, com cara de muitos amigos, pronto para assumir o auxílio de praxe ao Dr. Pessoa.
-César! Que bom que chegou! - disse o Dr. Pessoa – Estou com um compromisso urgente e inadiável e queria que me fizesse um grande favor. Tenho a cirurgia da D. Elza que já desceu para o Centro Cirúrgico e gostaria que a fizesse por mim. Peça ao Dr. João para te ajudar.
-Que cirurgia, Pessoa?
Dr. Pessoa titubeou na resposta. Momentaneamente a memória lhe falhou. Eram vários pacientes agendados e a sua ansiedade não contribuía para a lucidez necessária...
-Hemorróidas?...

PALAVRAS FINAIS

Que bons ventos te tragam sempre...
e que bons ventos te levem...

mais leve, feliz,

tranquilo e

em paz!

Grande abraço!

Ana Eugênia


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