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O Coronel

domingo, 20 de novembro de 2011

O CORONEL


                                                                 Avenor    A.  Montandon


 O Coronel João Bastião era um fazendeiro abastado, família grande e tradicional 
  na região. Era um sujeito enérgico cordial e muito caridoso.
  No auge dos seus 60 anos aparentava uma saúde de ferro, demonstrada no cotidiano
  pela disposição com que encarava a administração de seus bens: várias fazendas, 
  que percorria num jipe verde, vestindo um terno de linho cáqui. Seus filhos, já adultos,
  o ajudavam nas tarefas de supervisão e controle do enorme patrimônio, mas nenhum deles 
  tinha o vigor e energia do pai.
  Um belo dia o coronel ficou doente. Relutante, mas sob insistência da família, 
  procurou o médico, o Dr. César, competente e boa praça que gozava de muito prestígio 
  junto ao coronel.
  Vários exames. Depois,veio a constatação da necessidade de uma intervenção cirúrgica:
 - Coronel, o senhor vai ter que ser operado. - O Doutor foi categórico.
 - Que isso doutor! Nunca tive nada, agora é que apareceu esse negócio de mijar fininho...
 - Pois é coronel. Não tem remédio a não ser operação. Além do mais, a tendência é só
   piorar. É também perigoso adiar a operação. Pode complicar.
  O coronel coçou a cabeça, acendeu um cigarro de palha, encarou o doutor nos olhos:
   - Precisa mesmo?
  - Não tem jeito.
  - Tudo bem, to nas mãos do senhor, que abaixo de Deus, tem sido bom para toda família.
  A operação foi um sucesso mas era um tumor suspeito. Precavido o doutor encaminhou
  a peça para exame. Uns quinze dias depois a constatação infeliz: era câncer.
   Dr. César reuniu a família e abriu o jogo:
   - O tumor é maligno, dos piores, a tendência daqui pra frente é piorar.
   A família, constrangida, indagou se haveria algo mais a fazer
  - Nada. Vamos aguardar. Ele vai passar bem nos próximos meses. Dito e feito. 
 O velho não teve nada e voltou à rotina normal. Seis meses depois, no entanto, o doutor 
 foi chamado. O coronel estava indisposto, amarelo e vomitava muito.
  - Icterícia. pensou o doutor com seus botões. E daquelas que não tem jeito. Sem dúvida
 o câncer se espalhou e já tomou o fígado.
 Apesar dos remédios, o paciente piorava dia a dia. A família já pensava no inventário. 
 Um filho apossou-se de uma bota do coronel. Outro levou sua coleção de armas. 
 E, assim foram despojando o coronel dos seus pertences na expectativa de sua morte.
 Um dia de manhã o velho manifestou a vontade de comer um lombo de porco com farofa.
 A família chamou o doutor para opinar.
- Deixa ele comer. Afinal deve ser um de seus últimos desejos. E o coronel passou bem 
  para surpresa de todos. Noutro dia pediu uma feijoada. Queria assistir ao preparo da 
  refeição no  rabo do fogão. Foi atendido e ainda deu palpites no tempero.
 Dias e cardápios variados depois, o doutor saía do hospital, quando viu um homem de 
 terno cáqui e cigarro de palha na boca descendo de um jipe verde.
 Era o próprio.
 O Dr. César se aproximou perplexo:
- Uai, coronel. É o senhor?
- Em carne e osso, doutor. To novo!
- O que o senhor fez para melhorar assim tão depressa? - indagou.
- Deixei de tomar aquela remediada toda.

 E viveu mais 28 anos.......!!!


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Que bons ventos te tragam sempre...
e que bons ventos te levem...

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